sexta-feira, 13 de março de 2015

Relato Sobre Simpatias, Positividade e Fé

Estava aqui pensando quem foi o ser humano que inventou "sem-querer-querendo" a primeira simpatia. Sim, simpatia, tipo aqueles atos considerados absurdos que uma pessoa faz pra conseguir uma coisa sem relação com o ato em si. Sabe? Eu lembro de poucas.

Perguntei pro velhinho aka meu pai quem ele achava ou o que ele achava que originou a primeira simpatia, pra ver o que ele respondia, já que geralmente ele é muito sábio (velhinho, quero mesada). Ele olhou pra mim, murmurou uns "aaahs..." e "hunsss..." e de repente a persiana da sala pareceu ser uma coisa muito interessante e complicada, e ele me ignorou completamente.
Ok.
Deixe-me com meus devaneios.

Pra começar acho que esse negócio de simpatia é bem coisa de brasileiro, sabe? Eu acho por achar mesmo. Porque você concluir que cruzar facas embaixo da cama cura enxaqueca, ou algo assim, exige muita criatividade, e brasileiro é criativo.
Dito isto, prossigo.
Acredito que as simpatias surgiram por conta da necessidade do ser humano em ter algo a que se apegar com a esperança de obter resultados satisfatórios. Por quê não?
Nós fomos criados assim, tanto é que, agnósticos e ateus são minoria, e ainda assim, acho muito provável que vez ou outra esses mesmos rezam ou oram, ou fazem simpatia, e fingem que estão sendo irônicos, ou satirizando, mas eu já saquei! Rá.

Sempre tem alguém pra dizer que religião é coisa de gente fraca, gente insegura, gente sem personalidade. E eu concordo, da mesma forma que acredito que algumas pessoas sem fé declarada não possuem personalidade, são inseguras e são fracas. 
Só tem humanos envolvidos nos dois lados, então...É isso aí, sem mistérios.

E independente do credo, não vou acreditar se você me disser que nunca "pensou-positivo" pra que algo desse certo. Ou fez uma simpatiazinha.
Quando algo dá errado na vida de qualquer criatura, é inevitável mistificar as coisas, e de repente acreditar em tudo que transcende nosso conhecimento limitado, ou você espera que o universo conspire em seu favor, ou pede pra alguém torcer por você, ou joga meio discretamente na conversa com algum evangélico ou católico fervoroso o quanto você precisa de uma resposta, já sabendo que a pessoa vai pedir a Deus no seu lugar, já que você não acredita, ou não tem um relacionamento tão íntimo assim com Ele.
Aí pode ser que Deus responda, então você não atribuirá a Ele, mas pode ser que nada dê certo, aí né...Quem podia ser o culpado? Bem...Deus né? Mesmo "sabendo que Ele não existe".
Tudo bem.
Eu entendo que as frustrações da vida nos torna estranhos.
E ninguém é obrigado a ter fé, ou pensar positivo, ou mistificar todos os assuntos do mundo. Algumas coisas não se aplicam, e quem tem fé (pouca ou muita) às vezes se empolga, se confunde.

Aí alguém mais descolado, que não acredita declaradamente em Deus, mas sabe que pensar positivo funciona diz:
"Acredito que exista uma força maior no Universo, que a se gente pensar com muito foco e vontade no que queremos, esta força nos atrairá ao resultado satisfatório, não quer dizer que seja necessariamente Deus."
Aí outro alguém que acredita em Deus diz: "Não existe esse negócio de lei da atração, existe Fé, e existe Deus que responde ou não."

Aí outro alguém: "E qual a diferença de pensar positivo e ter fé? Não precisamos de nada disso, eu sou meu próprio deus, se eu não fizer ninguém faz."

Não sei o que teólogos e pensadores diriam, mas eu tenho uma resposta, posso te dar?
Então lá vai:
Pensar positivo não é errado, mas as vezes a pessoa se apega tanto a isso, e acredita que nenhum tempo ruim virá sobre sua vida, que quando 'o ruim' se aproxima, chega chegando sem dó nem piedade, a pessoa desmorona. Não foi isso que ela projetou. Não foi isso que ela pensou com "tanta força".


Ter fé é diferente, quando digo fé, estou falando de fé em Deus (que é o que eu conheço), ter fé significa saber que coisas ruins geralmente acontecem com qualquer pessoa e você não está imune a maldade do mundo, ou aos infortúnios da vida, mas você TEM CERTEZA que tudo passa, e mesmo em meio a dificuldades da vida, sabe que tem Alguém cuidando de tudo, do início do meio e do final.
Fé exige trabalho, exige que você viva a vida real, consciente, racionalmente. A fé não é cega e alienada como muita gente pensa por aí, pra que nossa fé floresça genuinamente a gente entende que precisa passar por perrengues. Fé sem obras é morta, já diz a Bíblia(Tiago 2...).
Essa fé que alguém te falou um dia que incentiva as pessoas cruzarem os braços e não pensarem por si próprias, não é a fé que Jesus queria que a gente tivesse, não é a fé que Ele divulgou.
A fé que Ele divulgou não envolve apego em coisas também, não envolve as simpatias conhecidas, porque afinal fé significa crer no que não se vê, logo, você pede a um Deus invisível que resolve tudo misteriosamente. Pronto.
É mais simples do se pensa. E é bem louco ao mesmo tempo.

Eu só queria dizer então que independente da sua opinião sobre todos os assuntos mencionados acima, se um dia aquela situação ruim aparecer inesperadamente, e você sentir aquela necessidade de acreditar e ter a quem se apegar ou algo para se apegar, se eu pudesse te dar um conselho, te aconselharia a escolher ter FÉ.
Olha pra Deus, conversa com Ele numa boa. Ele existe, você já deve ter percebido, e Ele ajuda todo mundo dentro da Sua vontade, não precisa se acanhar e dizer que não tem costume, que Ele não te ouviria. Ele ouve sim, atenciosamente. 
Começa daí.
Depois a gente conversa.

E se você acha que tudo isso é loucura. É mesmo.
Mas um dia você vai lembrar, e tudo fará sentido. (soei neurótica, mas é sério.)

Beijos.
Thatá.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Relato Sobre Cabelo (o meu e o seu, ok talvez só o meu)

Este não é um blog sobre cabelo.
Na verdade, este blog tem sido sobre "nada" já que faz milênios que não posto por aqui, mas acontece que por ser RELATO ALEATÓRIO eu decido sobre o que postar.
Então, se você é esperto (a) já entendeu que vou falar de...Cabelo!
Parabéns.

Eis a questão, em 2013 escrevi um post sobre toda essa história de assumir cabelos crespos/ aderir ao cabelo natural e o uso de alisantes no geral, e expus a opinião de umas amigas e a minha também. Mantenho o mesmo pensamento, já deixo bem claro.
Mas, após uma vida inteira de alisamentos constantes, chapinha e coisa e tal, eu enjoei.
Sim, enjoei.
Eu podia mentir e dizer que fiz por aceitação, ou fiz pela questão da raça, ou fiz por revolta, ou fiz porque sou militante da causa dos cabelos naturais a todo custo, provavelmente você gostaria mais de mim se assim o fizesse, mas prefiro não mentir pra conquistar.
Minha vida era gastar duas horas fazendo chapinha com muito amor (juro!) em meu micro cabelo que nunca crescia devido ao excesso de choques físicos e químicos. Eram duas horas MESMO. Pergunte a minha mãe, Dona Rosa não mente.

30 Julho de 2014.
Após dois meses sem relaxar a raiz aguardando a recuperação do meu cabelo, simplesmente acordo uma manhã, olho para os lados. 
Estou sozinha. Sento no sofá. Passo a mão nos cabelos.
Levanto. Vou até o quarto. 
Pego a tesoura.
E corto a primeira mecha, deixando um mísero dedinho de raiz crespa, e arrancando todo o pseudo-liso. E como cortei uma mecha bem na frente, não dá mais pra parar.
Continuo.
E pronto. Big chop!
E logo eu, que disse que provavelmente deixar o cabelo natural comigo nunca aconteceria. 
Pois é, a gente muda.
Fiquei olhando para o espelho tentando digerir o choque que causou em mim, e o choque que causaria nas pessoas, principalmente meus pais.
Já tinha cortado meu cabelo várias vezes por conta própria, em vários estilos diferentes, mas essa radicalidade era outro nível, passando dos limites.
E agora?
Agora, já era amiga. Deal with it.
E é engraçado perceber como o cabelo muda a gente radicalmente né? 
E é mil vezes mais divertido ainda observar a reação das pessoas!
Antes e depois (após meu big chop caseiro)
Não vou mentir e dizer que me senti linda, logo de cara. Não me senti.
Me sentia careca, estranha, testuda.
Mas ao mesmo tempo, me sentia ousada, autêntica, livre. 
Muito clichê dizer que me senti livre, mas...Me senti livre. Livre mesmo. Tipo leve, sem muitas obrigações com meu cabelo.
*(É claro que depois que você se compromete a cuidar dá trabalho, mas um trabalho menor, mais prazeroso.)
E aí então surgiram os zilhões de comentários e perguntas...Por que fiz, por que agora, por que fiz sozinha, por que raios cortei tudo, por que não esperei.
E em compensação surgiram muitas outras pessoas que admiraram a coragem, e me chamavam de "doida-no-bom-sentido", então com o tempo minhas respostas se tornaram mais naturais, e soavam menos como justificativa, e mais como palavras de uma pessoa confiante.
Sim.
Cortar o cabelo significou um MARCO em minha vida.
Sério.
Meu cabelo mudou, e eu mudei com ele.

Sinto-me mais espontânea, mais divertida, mais corajosa, mais segura.
Aí você me pergunta: "O cabelo quem fez isso?"
Eu te respondo que não. O que me tornou destemida foi o gesto em si, que me obrigou a afastar a insegurança e olhar todo mundo nos olhos enquanto me inquiriam.

Meus vários cabelos só em 2014. Como dá pra perceber, eu enjoo fácil.
Não sei por qual motivo você acha que deve aderir aos seus cabelos naturais, se for uma questão de honrar a raça, se for uma questão de parar com a agressão ao cabelo...Independente, faça porque VOCÊ QUER.
Porque boa parte das pessoas que defendem a ideia do cabelo natural querem te fazer acreditar que é uma obrigação sua, enquanto pessoa negra ou não.
Não é obrigação alguma.
Você pode escolher em qual contexto quer inserir tua história, você quer ser conhecido como uma pessoa facilmente influenciável, ou como uma pessoa original? 
Quem decide é você.
Assumir a naturalidade dos meus cabelos me mostrou coisas que eu não via, me ensinou a ver a beleza que Deus me deu (na medida do possível), me ensinou a ver que Ele cria as coisas de um jeito lindo, e você adorna ou não da maneira que achar melhor.
Hoje eu entendo que o "pseudo-liso" não valoriza tanto meus traços quanto meu cabelo bem crespo, bem enjubado!
Março 2015

Até luzes eu tive coragem de fazer! 

Independente do rumo que você der a tuas decisões, não esqueça de valorizar e conhecer aquilo que te pertence e que te faz ser você.
Aaaand, mais um monte de clichê verdadeiro pra tu, não se obrigue a nada que te faça se amar menos. deu pra entender? 
Porque o importante no final é a nossa felicidade.

Pois bem,
Eu só queria compartilhar essa história.

Beijos,
Thatá.